GABRIEL GARCÍA MÁRQUEZ: “AS COISAS DA VIDA” ATRAVÉS DA LITERATURA, DO JORNALISMO E DO CINEMA





    Em março de 1927, num dia de chuva torrencial nas plantações de banana de Aracataca na Colômbia, nasce Gabriel José García Márquez. Será o primeiro dos onze filhos do telegrafista Gabriel García e de Luisa Márquez Iguarán. Por diversos motivos fica até os oito anos morando com seus avós maternos, o coronel Márquez e dona Tranquilina, em uma casa onde o maravilhoso era quotidiano. Repartido entre as fantasias, presságios e evocações de sua avó e o mundo concreto de seu avô, soube de uma coisa desde pequeno: ia ser escritor.
      Cursando o ensino secundário, solitário e longe da família, é um ávido leitor de tudo o que encontra pela frente, principalmente de poesia. Já na faculdade, estudando Direito em Bogotá, lê a Metamorfose de Kafka e, deslumbrado com a obra, descobre que “escrever assim é possível”. Imediatamente faz seu primeiro conto, “A terceira resignação”, e, de maneira séria e exigente, passa a estudar a técnica da composição. Para seguir sua vocação de escrever sobre as coisas da vida, deixa de lado os códigos e ingressa, aos vinte anos, no jornalismo, destacando-se seu compromisso literário e político. Nessa época, lê alguns dos autores que mais lhe influenciaram: James Joyce, Virginia Wolf, William Faulkner, e passa a integrar o inquieto e bem-informado grupo literário de Barranquilla. No jornal El Espectador de Bogotá, faz a crítica de cinema e é um cronista de sucesso. Ao ser enviado como correspondente estrangeiro à Europa, além de aprimorar a técnica da escrita, estuda direção de cinema em Roma, buscando uma nova forma de expressão.
      Seu primeiro filme é de 1954, A lagosta azul, considerado o manifesto do surrealismo do Caribe. Em 1960, participa no México da adaptação surrealista de seu conto “Neste povoado não há ladrões”, atuando junto com Luis Buñuel, Leonora Carrington e Juan Rulfo, notáveis nomes da literatura e das artes. A trajetória do colombiano no cinema não pára por aí. Preside a Fundação do Novo Cinema Latino-Americano dedicado à pesquisa, produção e capacitação, procurando a integração do cinema do continente, “assim de simples e de grandioso” como ele diz, e financia, com o dinheiro ganho com o Prêmio Nobel de Literatura, a Escola Internacional de Cinema e Televisão de San Antonio de los Baños, de Cuba, onde ensina a falantes de português e de espanhol como fazer roteiros e contar histórias.
      Traduzido para todos os idiomas conhecidos e provavelmente a algum que outro desconhecido, o autor de O amor nos tempos do cólera (seu livro preferido) é considerado um dos maiores - senão o maior - romancista contemporâneo da riquíssima literatura da língua de Cervantes. A sua palavra é ansiosamente esperada e, da mesma maneira que seus silêncios, gera intensos debates. 

Publicado no Dicionário Gabriel García Márquez. Editado por Luis Coronel. Cia. Zaffari

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